Bilionária, Portuguesa aperta o cinto e se prepara para a guerra na Série D

Bilionária, Portuguesa aperta o cinto e se prepara para a guerra na Série D

ANDRÉ NEVES
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Depois de quatro anos, a Portuguesa volta a disputar a Série D. E não é a mesma Portuguesa com enormes dificuldades financeiras que foram se acumulando até que se chegou a um falso dilema: SAF ou morte.

Basta dizer que a verba da Federação Paulista para a disputa do Paulistão -aproximadamente R$ 9 milhões- estava toda gasta. O jeito seria disputar o campeonato com alguns jogadores que ainda tinham contrato e mais garotos do sub-20. Havia a possibilidade até de se fazer peneira para montar o elenco.
Houve então o acordo com a SAF formada por Tauá (R$ 250 milhões para cuidar do futebol), Reeve (R$ 500 milhões para a construção de um novo Canindé) e XP investimentos (R$ 250 milhões para negociação de dívidas do clube). Os montantes são referentes a cinco anos de parceria.

O time fez um Campeonato Paulista regular, com folha salarial de R$ 2 milhões por mês. E agora, no sábado, dia 19, estreia no seu campeonato mais importante do ano, visitando o Boavista, no Rio. Como prova de força no mercado, a Portuguesa anunciou um patrocinador master, a casa de apostas Zeroum.

A folha salaria é de R$ 1,5 milhão. Uma diminuição de 25%. Como assim, se agora é o campeonato mais importante, aquele ao qual a SAF promete foco total?

“Diminuiu porque jogador que joga o Paulista não quer jogar a Série D. Ele procura outras divisões. Então, a folha diminuiu, mas eu garanto que é a maior da Série D, juntamente com a do Santa Cruz, e digo que na Série C somente a Ponte Preta pode se igualar ao nosso orçamento”, diz Alex Bourgeois, responsável pelo futebol.

O campeonato é diferente também. “É mais duro, mais rude. Uma verdadeira guerra. Nós procuramos jogadores que se adaptem ao estilo”, diz Bourgeois. Ele garante que a mudança de estilo de jogadores foi acompanhada pelo treinador Cauan de Almeida, um defensor de futebol de toques, de imposição técnica. “Ele aceitou e colaborou inclusive na escolha dos contratados”.

E, se de guerra estamos falando, nada melhor que batalhar em casa. A Portuguesa está de volta ao Canindé. Um recuo de cunho técnico e também financeiro. No início da parceria, a ideia era começar a reforma do Canindé em junho, mas como o estado foi considerado precário, resolveu-se que tudo seria antecipado e que a Portuguesa jogaria no Pacaembu.

Não deu certo. Houve queixas da torcida. Em jogos contra os grandes, os torcedores da Portuguesa não puderam ficar juntos. Eram separados. Houve uma avaliação de que, se jogasse a Série D no Pacaembu, haveria um prejuízo de R$ 2 milhões. Outros campos foram pensados e a melhor opção achada foi em Santana do Parnaíba.

A SAF pensou em implantar uma logística de transporte, mas no final optou pela volta ao Canindé, que tem todos os laudos necessários em dia. Serão feitas reformas pontuais como nas cabines de imprensa e na marquise das numeradas e o estádio terá capacidade para 14 mil pessoas.

Parece muito, quando se vê que dificilmente a Portuguesa tem levado mais de três mil pagantes aos jogos. Há uma esperança de que, se o time for bem e a possibilidade de acesso se aproximar, o estádio receba um bom público.

Em alguns momentos, a nova Portuguesa tem se mostrado um “player” agressivo no mercado. O zagueiro Eduardo Biazus, do Grêmio Prudente, estava emprestado ao CSA e concentrado para um jogo importante da Copa do Nordeste. A SAF pagou a multa, ele deixou a concentração e é titular do time.

Paulinho Curuá era do Remo e disputou a Série A2 pelo Grêmio Prudente. Foi emprestado para o Caxias, que estava se preparando para a Série C. Foi contratado, deixou os treinos e é um dos cotados para ser o volante titular. O zagueiro Gustavo Henrique, do CRB, estava emprestado e com multa definida. A Portuguesa não esperou o fim do empréstimo e o contratou até 2028.

Houve uma venda muito comemorada. Renan Peixoto, que veio da segunda divisão da Áustria por R$ 600 mil, foi vendido ao Athetico por R$ 6 milhões.
Em relação ao Paulista, saíram Rafael Santos, Alex Silva, Maurício, Alex Nascimento, Hudson, Jajá, Renan Peixoto, Maceió, Henrique Almeida, Daniel Jr, Fernando Henrique e Leandro.

Foram contratados o goleiro João Paulo, o zagueiro Alysson Dutra, o lateral-esquerdo Matheus Leal, o volante Paulinho Curuá e os atacantes Cauari, Lohan, Hericlis e De Paula.

Para a primeira batalha da guerra, o time provável é: Bertinato; Talles, Eduardo Biazus, Gustavo Henrique e Matheus Leal; Barba, Portuga e Cristiano; Rildo, Lohan e Everton.

SÉRIE D
A Série D tem 64 times divididos em oito grupos. Os times se enfrentam em turno e returno dentro da chave e classificam-se quatro para a segunda fase.
O Grupo da Portuguesa (A6) tem Boavista, Maricá e Nova Iguaçu, do Rio, Água Santa, de São Paulo, Rio Branco e Porto Vitória, do Espírito Santo e Pouso Alegre, de Minas.

“Esperamos fazer 28 pontos para ficar entre os dois primeiros e conseguir um cruzamento melhor na segunda fase”, diz Bourgeois.

O cruzamento será com os classificados do Grupo A5. O primeiro colocado enfrenta o quarto, o segundo pega o terceiro, o terceiro mede forças com o segundo e o quarto tenta surpreender o primeiro.

O Grupo A6 tem Aparecidense, Goiânia e Goianésia, de Goiás, Capital e Ceilândia, do Distrito Federal, Luverdense e Mixto, do Mato Grosso, e Gazin Porto Velho, de Rondônia.

A partir da terceira fase, com 16 clubes, entra em campo o mata-mata. Os quatro que chegarem às semifinais conseguem o acesso para a Série C.

PREMIAÇÃO
– Primeira fase – R$ 458 mil
– Segunda fase – R$ 170 mil
– Terceira fase – R$ 170 mil
– Quartas – R$ 170 mil
– Semifinal – R$ 170 mil
– Final – R$ 170 mil
O campeão, após 24 jogos, terá um prêmio de R$ 1,308 milhão



Fonte ==> Gazeta do Povo e Notícias ao Minuto

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