(FOLHAPRESS) – Saudado nesta quinta-feira (8) por Donald Trump, o novo pontífice, o americano naturalizado peruano Robert Prevost, 69, o papa Leão 14, tem um histórico de mensagens críticas a políticas da gestão do presidente americano tanto do atual quanto do primeiro mandato do republicano.
Recentemente, em 14 de abril, ele republicou uma postagem no X com um artigo de um veículo católico com tom crítico à visita do presidente de El Salvador, Nayib Bukele, a Trump, em que os dois comemoram a deportação de imigrantes ao país, incluindo um que tinha status protegido pela Justiça.
“Enquanto Trump e Bukele usam o Salão Oval para rir da deportação ilícita, feita pelo governo federal, de um residente dos EUA -que antes foi um salvadorenho indocumentado- o agora bispo auxiliar de Washington, Evelio, pergunta: “Vocês não veem o sofrimento? Sua consciência não se perturba? Como conseguem permanecer em silêncio?”, diz o texto republicado pelo agora papa.
Antes, em 3 de fevereiro, o pontífice repostou um artigo de outro veículo cristão que se opunha ao vice-presidente J. D. Vance: “J. D. Vance está errado: Jesus não nos pede para classificar nosso amor pelos outros”, lê-se na postagem.
O artigo foi escrito em contraponto a declarações que Vance havia dado em entrevista à Fox News afirmando que o amor cristão deve seguir uma hierarquia -começando pela família e terminando com o restante do mundo.
Em junho de 2018, quando Trump encampava a política que levava à separação de famílias, o papa repostou um comentário crítico às ações. “Não há nada remotamente cristão, americano ou moralmente defensável em uma política que separa crianças de seus pais e as coloca em jaulas. Isso está sendo feito em nosso nome, e a vergonha recai sobre todos nós”, diz a mensagem compartilhada por ele.
Durante o primeiro mandato do presidente, o pontífice compartilhou uma série de mensagens em defesa dos refugiados e com críticas às políticas de Trump e em apoio aos venezuelanos que deixavam o país por condições humanitárias.
Em setembro de 2017, ele republicou uma mensagem de uma pessoa com nome de Irmã Helen Prejean, na qual ela diz estar ao lado dos dreamers [como são chamados os imigrantes que foram ainda crianças para os EUA] e “todos que trabalham por um sistema de imigração que seja justo e moral”.
Em 27 de janeiro daquele ano, dias após a posse de Trump, o papa Francisco postou um comunicado da Conferência Católica de Bispos “se opondo fortemente” a um decreto porque ele prejudica refugiados e famílias imigrantes vulneráveis.
O novo pontífice também já deu sinais de preocupação com a questão climática. Ele repostou um artigo de um veículo romano que noticiava a preocupação de um grupo católico de que os EUA não atingiriam o compromisso com as metas de emissão de carbono após a eleição de Trump.
Em outra frente, a rede social do pontífice indica um alinhamento dele em relação a duas frentes consideradas ideológicas do governo Trump. Num post, ele questiona o que acontece com um bebê que foi abortado, mas acaba sobrevivendo, sinalizando ser contra essa política.
Em outras ocasiões, ele republicou notícias dizendo que há uma tentativa de se ensinar “ideologia de gênero” na América Latina. Ele compartilhou o trecho de um documento no qual se lê que as noções de masculino e feminino se constroem no dia a dia, em crítica a essa ideia.
O histórico não impediu Trump de parabenizar o pontífice e ressaltar o fato de ele ser americano. “Parabéns ao Cardeal Robert Francis Prevost, que acaba de ser nomeado papa. É uma grande honra perceber que ele é o primeiro papa americano”, escreveu em postagem na sua rede social Truth Social. “Que emoção, e que grande honra para o nosso país. Estou ansioso para conhecer o Papa Leão 14. Será um momento muito significativo!”
Sob Francisco, a relação entre o papado e o governo Trump teve diversas polêmicas. Logo após a morte do pontífice, ao ser questionado por um jornalista sobre quem deveria ser o próximo chefe da Igreja, Trump afirmou: “Eu gostaria de ser papa. Essa seria minha escolha número um.” Em seguida, afirmou que não tinha preferência, mas fez referência ao arcebispo de Nova York. “Devo dizer que temos um cardeal que por acaso é de um lugar chamado Nova York, que é muito bom, então veremos o que acontece.”
Dias depois, em um caso que gerou irritação de católicos, o presidente publicou, nas redes sociais, uma imagem gerada por inteligência artificial em que aparece vestido como papa, sentado em uma cadeira de estrutura dourada. Após críticas, afirmou que não teve “nada a ver” com a publicação e chamou a imagem de piada.
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Fonte ==> Gazeta do Povo e Notícias ao Minuto